sábado, 23 de novembro de 2019

No divã, divãguemos!


Vou fazer aqui o meu momento “divã”, sobre o time de Dallas Cowboys até essa altura da temporada 2019, mais precisamente entrando na semana 12. E sim: ainda estamos na liderança da NFL East, divisão que é sempre pra lá de imprevisível ano sim, ano também.

Não sei se existe algo que incomode mais aos torcedores do America’s Team, do que os inícios de jogos, como foi o desta segunda-feira, no MNF da semana 9. Assistimos isso acontecer nas derrotas, mas também nas vitórias contra equipes com maiores fragilidades, seja por alguns buracos no elenco, com é a equipe do Giants, seja por falha na execução por parte do time dos Cowboys mesmo.

Eu gosto de pensar, como torcedor que sou, e como apreciador de um futebol americano bem jogado, que equipes que chegam bem em janeiro, costumam surpreender as equipes que conseguem bons resultados e até aquelas que são mais consistentes na primeira metade do campeonato. E isso é algo recorrente nos momentos chaves da disputa por uma vaga no SuperBowl, ou até mesmo pela conquista do tão desejado anel, salvo raras exceções. 
 
Estou dizendo isso com a esperança de torcedor, que Dallas possa ser uma dessas equipes,
já que desta vez, não estamos com a campanha que permita sonhar com a Seed 1 ou 2 na NFC, e nos resta torcer para que nesta temporada, façamos como aquela lendária equipe dos anos 90, que levou o time ao SuperBowl XXVII, jogando com os triplets (Aikman / Smith / Irving) conquistou o primeiro da dinastia, iniciou com campanha 6V5D, para então engrenar na competição, e conquistar a confiança de que poderia chegar no topo. E chegou ao final daquela temporada com campanha 11V5D.
Mas olhando para a equipe atual, vemos problemas estruturais que aparentam não ter conserto no curto prazo, a meu ver.

O mais grave, sem sombra de dúvidas, é o desempenho dos times especiais. O Kicker pode não ser o mais confiável da liga, mas isso é apenas a cereja do bolo. Ele acerta FG inimagináveis, como foi o caso daquele de 63 jardas na vitória contra os Eagles (semana7), mas erra chutes de curta distância, que na época do Dan Bailey não nos dava tanto susto, e nos parecia de certa maneira, automáticos. Não quero aqui defender que o antigo kicker de Dallas, que agora segue jogando pelos Vikings, seria a opção correta caso permanecesse no time de Arlington.
Longe disso, visto o que tem acontecido nas últimas partidas, e até mesmo olhando para a temporada passada, nitidamente ele não é o mesmo que nos colocava como o time que tinha um dos kickers mais confiáveis da liga.

Eu coloco como principal defeito nos Special Teams, a comissão técnica, seja pela má-gestão da unidade, seja pela falta de planejamento contra os adversários, seja pela execução que tem mostrado algumas falha em certos momentos. Simplesmente porque não traz nenhum perigo para os adversários, seja nos retornos de punt ou kickoff. E isso aparenta muito estar ligado à comissão técnica. As peças estão lá. Se não era pra esse time ser a melhor unidade da NFL, não poderia estar entre as piores da liga.

Honestamente, essa apatia do time, nos coloca em situações que o ataque precisa marchar em campo com drives muito longos para pontuar, e estatisticamente falando, quanto mais longas as campanhas, teremos mais jogadas e maior a chance de algo dar errado. Seja por uma terceira descida não convertida, seja por um turnover.
E olha que o time de Dallas até vai bem neste quesito conversões de 3rd Down, há de se fazer esta ressalva, pois o time lidera a NFL com mais de 50% até aqui. Mas isso é bom?
 
Fato 1: O fato de ser o melhor percentualmente falando, reflete que o time tem se saído acima da média, das “enrascadas” que tem se metido, com 3rd Down conversion, pois são situações limite, entre um “three and out” (ou punt longo), ou seguir na campanha que pode levar a uma pontuação;

Fato 2: O fato é que isso, cedo ou tarde pode fazer ruir uma campanha. E isso em Janeiro, costuma custar mais caro que um jogo da regular season;

O time parece muito bem encaminhado até aqui para ir aos playoffs. Mas existe um velho porém: também parece difícil acreditar que este time possa ir muito além, se aquelas pequenas “caimbras mentais” que ocorrem vez aqui e ali, com uma falta que enterra uma campanha ou ressuscita uma campanha adversária; ou um começo de jogo meio devagar demais, onde o time deixa a equipe adversária ter o controle do relógio / placar mais tempo do que deveria; Tudo leva a crer que a comissão técnica não costuma fazer bem seu papel. Boas comissões técnicas identificam erros durante a competição e vão se moldando e ajustando, para que a temporada regular seja um grande período de aprendizado, onde a prova final são os playoffs.
Contra as equipes de mais alto nível, que chegam em janeiro, essas não costumam errar desta maneira nessas situações, e isso cria um teto onde equipes medíocres não conseguem passar.
É engraçado que Dallas, parece se enrolar muito com a execução de seu game plan, contra equipes mais frágeis, e cabe até a metáfora que fazemos para nossas vidas, que eu costumo refletir bastante sobre ela:

Não são as grandes pedras que nos derrubam, mas sim as pequenas. As grandes são muito mais fáceis de enxergarmos para desviar nossos caminhos, assim evitando que elas nos atrapalhem.
Já as pequenas... Não damos atenção e nos deixamos derrubar.

Penso que nas derrotas, em duas delas ao menos, foram para times com boas campanhas na NFC (Saints na semana 4 e Packers na semana 5), foram jogos que o time teve altos e baixos, mas perder para esses QB’s experientes e com excelente plantel, soa até normal numa temporada com 17 semanas. Não é todo dia que é dia santo.

Exceto na derrota para o New York Jets, onde Dallas teve um desempenho pífio/patético (obrigado, Mauro Cesar Pereira), foi algo que me deixou extremamente surpreso do ponto de vista negativo, pois olhamos no calendário e mentalmente marcamos uma vitória para os Cowboys sobre os Jets, seja em New York, Arlington, na Lua, onde quer que o jogo aconteça.
Dallas não levou uma surra, mas nesta derrota, a diferença do que a equipe jogou no 1st Half e o 2nd Half, acendeu um sinal de alerta pra mim. Os Jets não haviam vencido até a semana 6, e seguem sem vencer no campeonato após a vitória frente ao time de Dallas. Tamanha foi a minha preocupação, mais por conta dessa falta de ajustes para chamadas mais arrojadas no ataque, para tentar reverter o placar, do que a defesa que não conseguiu mostrar resposta ao que Sam Darnold fazia, depois de muito tempo parado. 
 
Bons times não podem, nem devem se enrolar com equipes do nível dos Jets. A não ser que isso fosse numa semana 17, com tudo consumado e o time poupar suas principais peças, pensando em playoffs, eu ficaria menos preocupado.
Mas se por um lado isso parece ser uma coisa que preocupa, não levamos nenhuma lavada ou surra que possa ser uma preocupação, como foi na semana 9, aquele vareio que o Packers levou da equipe oscilante dos Chargers. Este é o tipo de jogo que não esperamos ver acontecer com nosso time, onde equipes que nitidamente tem problemas, surrando equipes postulantes à pós-temporada, ou que possuem talentos que possam levar essas equipes a sonhar grande. Isso é um ponto positivo para Dallas nesta temporada.

Diferente da temporada de 2016, em que tudo funcionou de forma surpreendente, eu tinha maior esperança no Dak calouro nos levar até o SB, do que o time atual. Mesmo tendo na cabeça que nunca um QB calouro, chegou lá e venceu. Não pelo Dak, que evoluiu muito, e tem se mostrado muito mais que um simples game manager. Nos momentos decisivos, sempre está ali firme e não apavora, não comete erros que possamos creditar derrotas em sua conta. Se ele mostra problemas de antecipação dos passes, pelo menos ele costuma proteger bem a bola, e tem escolhido muito bem seus alvos, mesmo em janelas que precisem de melhor pontaria, visivelmente ele tem melhorado. Minha esperança é minada pelo entorno do time, que parece ter sempre os mesmos problemas, mas não vemos mudanças que possam levar o time a se acertar e poder brigar com os favoritos da conferência.

Acho que o Garrett é muito prejudicado por não poder puxar o gatilho, e se livrar da comissão técnica dos times especiais. É uma unidade que demonstra não ter o mesmo comando e qualidade que as unidades de defesa e ataque realizam dentro de campo.
Mas sabemos que algumas decisões como esta, não estão diretamente na mão dele. Definitivamente, sabemos onde estão as chaves da franquia e quem as guarda. Não é mesmo Sr. Jerry F#$%$@ Jones?
Acho que até por esse motivo, não vejo com bons olhos uma possível demissão de Jason Garrett ao final desta temporada, imaginando que isso possa ser uma solução. Mas tem sido cada vez mais irritante, ver a falta de agressividade nos momentos chaves, em que derrotas poderiam tornar-se vitórias, se ele não fosse tão conservador. Pode até não ser sempre, mas quem é ousado costuma ser agraciado com a vitória. Diferente do medo de perder, que mais parece atrair a derrota, de maneira recorrente.

E pela questão de quem tem as chaves da franquia, não vejo opções muito melhores para HC no mercado. Pior que isso, mais parece que as opções melhores, não teriam vez em Dallas. 

Eu fiz muita torcida para que John Harbough viesse, antes que a renovação de contrato dele com os Reavens acontecesse. Ele é um dos caras que mais sou fã como treinador, exatamente pelo esmero que suas unidades de times especiais jogam. Não atoa ele foi técnico do time de especialistas antes de se tornar HC. Acho que a forma de trabalho dele (ou outros treinadores com mentalidade parecida) não se encaixaria com o comando que existe em Dallas, que centraliza o poder de tudo além da conta. Acho que isso limita muito a possibilidade de uma comissão técnica considerada top 5 da NFL, esteja em Arlington.

Jerry Jones viu seu time conquistar o primeiro SB, logo após se transformar em dono do time de Dallas, com muitos méritos para outro JJ, meu querido Jimmy Johnson, que transformou uma franquia desacreditada, sem muitas aspirações após a demissão de seu lendário treinador Tom Landry. Dallas virou a chave, tornando-se em uma máquina que, só não ganhou ainda mais títulos, por causa do ego de Jerry. Ele não queria simplesmente ganhar: além disso, queria fazê-lo e mostrar pra todo mundo que ele estava certo, não se contentando em apenas ser o dono da franquia, mas também General Manager. De certo modo isso deu certo inicialmente, mas de lá pra cá se tornou um problema no longo prazo, e nunca mais conseguimos o sucesso alcançado naqueles anos 90.

Gosto do trabalho do Chris Richard, cuidando dos DB na defesa, e acho que seria um passo acertado promovê-lo para DC já na próxima temporada. Não mais do que isso também. Promovê-lo à HC, seria um vôo alto demais para ele, sem falar no possível declínio que a unidade defensiva, aparentemente poderia vir a sofrer sem ele diretamente no comando. Ainda falando em unidade defensiva, acho que Rod Marinelli não tem mais espaço para elevar o nível dos garotos que temos no elenco. E o teto desses jovens talentos, ainda está longe de ser alcançado.

Mesmo assim, penso que cabeças poderão rolar em Dallas se algo diferente não ocorrer desta vez.

E acho que ano após ano, temos sofrido por não conseguir trazer um talento na posição de safety / Strong Safety, que pudesse atuar de forma dominante, talvez seja um dos maiores buracos no nosso elenco, ao menos até o momento. Jeff Heath tem limitações de forma muito nítida, ainda mais agora que se lesionou, vimos o quanto esta posição carece de upgrade imediato. Muito se falou na possível saída de Jamal Adams dos Jets para os Cowboys, mas nunca saberemos ao certo quais as condições de parte a parte, foram negociadas e as ofertas efetivamente falando, para que a troca não fosse realizada. Com a janela de trocas encerrada, esperamos que Dallas faça melhores movimentos na off-season com a free agency, mas principalmente no draft.

Em contrapartida, temos muito que comemorar com alguns nomes que vem jogando muito além do esperado, como o reserva imediato Jourdan Lewis, tem se mostrado uma grata surpresa. Não é porque ele não está apenas comprometendo no lado defesivo da bola, mas fazendo a diferença nas partidas, com turnovers forçados e/ou recuperados. Outra adição importantíssima, que vem fazendo uma grande diferença, é Robert Quinn. Principalmente porque a forma incisiva e aguda dele atuar como Edge, tem liberado espaço para que Demarcus Lawrence, eleve novamente seu jogo, até então um tanto apagado nesta temporada.

Depois deste meu momento “Divã”, deixemos de “divãgar” sobre meu time, e vamos para outra postagem…